Cisne Negro

Mais um pra nossa lista de filmes dionisíacos. E talvez seja o primeiro filme desta lista que eu considero realmente bom.

Nina (Natalie Portman), está prestes a conseguir sua grande chance em sua companhia de balé. Mas, para merecer o papel, ela deve ser capaz de interpretar tanto o Cisne Branco, doce e delicado, quanto o Cisne Negro, decidido e espontâneo. Nina é perfeita para o primeiro papel, mas a novata Lilly (Mila Kunis) é perfeita para o segundo.

Nina consegue o papel logo no começo do filme, mas ela precisa buscar o Cisne Negro que existe dentro dela e lidar com o risco de perder o papel que tanto quer para Lilly.


O filme é bem feito, envolvente pra caralho e faz a gente sair da sala como se tivéssemos acabado de nos soltar de correntes que nos prendiam ao fundo de um rio e retornar à superfície: ansiando por respirar um pouco de realidade. Vale mesmo a ida ao cinema.

Mas não recomendamos qualquer filme aqui na SD, recomendamos?

Não é difícil perceber porque este filme merece estar em nossa seleta lista. Nina é reprimida pela mãe, tem um quarto cor de rosa cheio de bichinhos de pelúcia, é a bailarina mais dedicada da companhia, controla o que come, chora, pede desculpa por tudo e se bobear ainda é virgem. Em outras palavras, ela é um modelo de caretisse, praticamente um avatar de Apolo. Lilly é sensual, faz o que quer, tira a calcinha na festa, sorri, passa a mão no pau de outro bailarino, se droga, bebe, come sandubão, transa com um cara que acabou de conhecer... Ela é a espontaneidade em pessoa; talvez uma enviada de Dionísio para ajudar (ou atrapalhar) a protagonista.

Nina precisa deixar de ser careta. Precisa aprender a superar seus medos, seus receios, seu respeito por tudo e todos, sua veneração à ordem. O filme é uma luta do dionisíaco contra o apolíneo. Mas não é o primeiro tentando se impor contra o segundo. Mais do que isso, é o lado apolíneo percebendo que precisa do lado dionisíaco não só para o papel, mas para a vida!

É esta necessidade que cada um de nós tem que perceber por conta própria. É esta luta que devemos travar contra nossas próprias crenças e contra as regras subliminarmente impostas de nossa sociedade. TODOS OS DIAS! E foi por isso que nasceu este blog: para buscar uma Sociedade Dionisíaca.

E como é que o diretor artístico tenta ensiná-la a se libertar?! Mandando ela se masturbar! \o/


Lembro que, durante o filme, antecipei as palavras quando ele ia fazer a recomendação. Não é difícil imaginar isso. Como já disse aqui, é uma jornada individual (por mais que eu recomende desfrutá-la em grupo). Nina deveria descobrir sozinha o prazer da vida para poder se transformar, tornar-se mais impulsiva. E que outra atividade está mais próxima das palavras "sozinha" e "prazer" do que a masturbação?!

E digo mais! Se, por um lado, o álcool e outros entorpecentes libertam nossa mente das barreiras e nos levam à impulsividade, por outro, o sexo exige que elas sejam deixadas de lado para se poder aproveitá-lo em toda a sua plenitude. Como ela não poderia dançar bêbada, não havia melhor forma de tratá-la do que ensinando-a a derrubar suas barreiras através do sexo ou, neste caso, do sexo solitário.

O filme mostra muito bem essa ligação entre o álcool, a arte e o sexo, e a participação desses fatores na libertação da personagem (e de todos nós).

Então já sabem... Masturbem-se rumo à liberdade!

Agradecimento especial a Fátima Ferrari, que foi minha acompanhante no filme.

Comentários

  1. adorei esta critica!
    normalmente o pessoal fala da estetica do filme, vc foi para outro lado...
    amei!

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  2. Essa é outra questão. Apolo é mais ligado à forma e Dionísio ao conteúdo. Por isso a nossa sociedade dá tanto valor a aspectos formais e por isso eu dou tanto valor à mensagem.

    Brigado pelo elogio. ^^

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  3. Mto bom will!

    no final o lado dionisiaco ganha... só a arte consegue manter o equilibrio perfeito... como era apenas humana ela n consegue dar conta dos dois lados

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  4. Amigo! Adorei sua crítica e esse filme é do caralho sob todos os aspectos e ângulos! Beijo!

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  5. Já tava louca pra assistir, sua crítica só aumentou a vontade...

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  6. na boa, achei esse filme legal. esperava bem menos...

    ainda mais com as delicinhas da Natalie Portman (aquela cena que ela se masturba na cama, quando acorda, Jesuis...) e da Mila Kunis...

    não tinha visto pelo lado "Dionisiaco" da coisa, e agora lendo essa critica, o que o Will disse faz muito sentido...

    parabens pela ótima crítica...

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  7. De longe a melhor análise sobre o filme.

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